Cybersecurity e Boas Práticas

Gestão de Riscos Qualitativa ou Quantitativa?


Com a evolução das práticas de gestão de riscos, cada vez mais as decisões são tomadas com base em modelos estruturados para análise e avaliação de riscos, sejam de forma qualitativa ou quantitativa (em alguns casos também semiquantitativa). Ambas as abordagens são recomendadas pelas principais normas e padrões de gestão de riscos, sendo que pela simplicidade ou mesmo falta de informações, as organizações têm utilizado com mais frequência os modelos qualitativos.


A ABNT NBR IEC 31010 - Gestão de Riscos - Técnicas para o processo de avaliação de riscos orienta que ao decidir se é mais apropriada uma técnica qualitativa ou quantitativa, os principais critérios a serem considerados são a forma de saída mais útil para as partes interessadas e a disponibilidade e confiabilidade dos dados.


A norma também esclarece que para fornecer resultados significativos, as técnicas quantitativas geralmente requerem dados de maior qualidade e costumam fornecer uma melhor compreensão do risco. Para cálculo quantitativo, utilizam-se valores numéricos para as probabilidades, como uma frequência durante um determinado período de tempo e para as consequências, valores monetários como perdas em unidades apropriadas.


Operações matemáticas devem ser usadas apenas se as métricas escolhidas permitirem, tomando o devido cuidado caso sejam usadas com escalas ordinais. É necessário ainda estabelecer um nível de acurácia e precisão para as estimativas, e que os resultados sejam consistentes com os dados e métodos empregados.


O uso de distribuições e intervalos aumenta a probabilidade de uma estimativa ser acurada, quando o resultado futuro é correto, dentro do intervalo da estimativa original. Já a precisão de uma estimativa é o seu intervalo. Estimativas muito precisas – ou seja, com um intervalo muito estreito, podem diminuir a acurácia e induzir os tomadores de decisão a pensar que existe mais rigor na análise de riscos do que há.


A maior parte (26) das 42 técnicas para avaliação de riscos apresentadas na ABNT NBR IEC 31010, permitem o uso de métodos quantitativos ou semiquantitativos.




42 Técnicas da ABNT NBR IEC 31010



Também na nova ISO/IEC 27005:2022 - Gestão de Riscos de Segurança da Informação, o processo de avaliação de riscos pode utilizar estimativas e critérios que podem ser definidos, medidos ou determinados objetivamente ou subjetivamente, qualitativamente ou quantitativamente, e descritos usando termos gerais ou matematicamente.

Para a abordagem qualitativa, a ISO 27005 apresenta exemplos de escalas para consequências com rótulos como "catastrófico", "crítica", "sério", "significativo" e "menor" bem como descrições para probabilidade como "quase certo", "muito provável", "provável", "bastante improvável" e "improvável".



Exemplos de escalas qualitativas da ISO 27005


Para abordagem quantitativa, a ISO 27005 aponta que escalas de consequências monetárias ou frequências são tipicamente baseadas em fatores de 10 (100 a 1.000; 1.000 a 10.000, etc.) e representadas por índices de escala exponencial (ou seja, logaritmos dos valores na escala).




Exemplos de escalas quantitativas da ISO 27005


Em todas as abordagens, os atributos para definir os parâmetros da matriz de riscos e critérios para aceitação e tratamento precisam se ajustar à modelagem escolhida.


Exemplo de tabela para avaliação de riscos da ISO 27005



Independente da abordagem, a gestão de riscos é hoje uma prática essencial para os gestores, que precisam identificar e avaliar ameaças e oportunidades e com o apoio de métodos e ferramentas, apoiar a tomada de decisão com base em dados confiáveis e fundamentados.


Especificamente para a gestão quantitativa de riscos cibernéticos (em inglês, CRQ - Cyber Risk Quantification), mais informações no artigo "Como mensurar o risco cibernético em R$"


Abraços e até a próxima,


Alberto Bastos

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